(BRA. Suban. 2017) : récit (pt)

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  • 14 avril 2019
    Bernard Delhomme

    Estava no voo que atravessava o oceano entre o Brasil e a Europa. Éramos eu e minha mochila. Eu e meu caderno de escritos. Eu e a história que carregava comigo. Cada experiência, cada aprendizado, cada dor a ser curada, cada alegria celebrada. Guardava pouca expectativa sobre o que viria pela frente. "O que quer que venha, será bem-vindo", era o que eu dizia a mim mesma. Meu plano era caminhar nos próximos 40 dias os 800 km que me ligavam de Saint Jean Pied de Port a Santiago de Compostela, ou, se fosse possível, os 900 km que me fariam chegar a Finisterre, o fim da terra, onde encontraria o mar. Receptiva com o que viesse pela frente, do jeito que fosse, confiando que o melhor estava reservado para mim, ali estava eu naquele avião. Fechei os olhos para dormir um pouco no voo. E pude dormir profundamente... até o dia seguinte, o dia de iniciar meu Caminho de Santiago. Esse é o livro sobre a vida em sua essência, sobre uma peregrinação humana, que por ser tão humana se torna espiritual. Esse é o livro sobre O caminho que as estrelas me viram cruzar. Esse é o livro da vida que se encontra no intervalo entre o nascer e o partir. É o livro da vida que é uma dança entre deixar ir e seguir, da vida que é esse "vamos em frente" sem fim, da vida que é esse encontrar e despedir, da vida que é esse não saber o que vem amanhã. E tudo bem. Esse é o livro sobre a vida em sua plena finitude, o livro sobre nossas vidas serem espelhos umas das outras. E sempre nos enxergarmos um na história do outro. Esse é o livro sobre os caminhos que se fazem caminhando, o livro sobre os passos que me levaram a Santiago de Compostela, numa jornada de 800 km de muito aprendizado, e além de Santiago, às profundezas da minha alma. Esse é o livro sobre sermos todos peregrinos. E estarmos todos a transcorrer viagem.